“Eu sou um sonhador. Acima de tudo um sonhador. Todas as vezes que eu fui feliz na minha vida foi quando eu me permiti sonhar, delirar, inventar as coisas…”
A minha TV não se conteve
Atrevida passou a ter vida
Olhando pra mim.
Assistindo a todos os meus segredos,
minhas parcerias, dúvidas, medos,
Minha TV não obedece.
Não quer mais passar novela,
sonha um dia em ser janela
e não quer mais ficar no ar.
Não quer papo com a antena
nem saber se vale a pena
ver de novo tudo que já vi.
Vi.
A minha TV não se esquece
nem do preço nem da prece
que faço pra mesma funcionar.
Me disse que se rende a internet
em suma não se submete
a nada pra me informar.
Não quis mais saber de festa
não pensou em ser honesta
funcionando quando precisei.
A notícia que esperava
consegui na madrugada num site,
flick, blog, fotolog que acessei.
A minha TV tá louca,
me mandou calar a boca
e não tirar a bunda do sofá.
Mas eu sou facinho de marré-de-sí,
se a maré subir eu vou me levantar.
Não quero saber se é a cabo
nem se minha assinatura
vai mudar tudo que aprendi,
triste o fim do seriado,
um bocado magoado
sem saber o que será de mim.
Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.
(x4) (She doesn’t speak my tongue)
Não.
“Pô tô cansado de toda essa merda que eles mostram na televisão todo dia mano, não aguento mais, é foda!”
Manda bala Fernando…
Enquanto pessoas perguntam por que,
outras pessoas perguntam por que não?
Até porque não acredito no que é dito, no que é visto.
Acesso é poder e o poder é a informação.
Qualquer palavra satisfaz.
A garota, o rapaz e a paz quem traz, tanto faz.
O valor é temporário,
o amor imaginário e a festa é um perjúrio.
Um minuto de silêncio
é um minuto reservado de murmúrio, de anestesia.
O sistema é nervoso
e te acalma com a programação do dia, com a narrativa.
A vida ingrata de quem acha que é notícia,
de quem acha que é momento,
na tua tela querem ensinar a fazer comida
uma nação que não tem ovo na panela que não tem gesto,
quem tem medo assimila
toda forma de expressão como protesto.
Falou e disse…
Num passado remoto perdi meu controle…
Num passado remoto perdi meu controle…
Num passado remoto…
Era vida em preto e branco,
quase nunca colorida reprisando coisas que não fiz,
finalmente se acabando feito longa,
feito curta que termina com final feliz..
Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.
Ela não SAP quem eu sou,
(Sabe nada…)
Ela não fala a minha língua.
Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.
(Quem te viu, pay-per-view.)
Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.
Eu não sei se pay-per-view ou se quem viu tudo fui eu.
(x2)
A minha TV tá louca.
(Xaneu nº 5 – O Teatro Mágico)